Olhei para ti


Olhei para ti e logo senti a necessidade de um amor jovial e louco, por quem fosse capaz de sacrificar o oxigénio que me alimenta os pulmões, as células de todo o meu corpo, ou as mais bonitas paisagens do mundo.

Pensei que seria bonito dizer-te que és o meu tipo de mulher. És aquela com quem quero partilhar sonhos e oferecer todo o carinho. Que sejamos os tais por entre os quais nada passará. Nada, a não ser o fruto do amor, de todos os dias, e o futuro. Arrancaremos filões de amor um do outro. Amar-te no alto da montanha e sentirmo-nos bem, amando-nos mais e mais, cada vez que nos amamos. Sentirmo-nos em nuvem. Sermos leveza, conforto, união e maturidade.

Nos momentos tranquilos, com sol alto e brilhante, poder sentir a felicidade de ti em minha vida e poder usufruir da briza e do cheiro que o mar ganha ao bater nas rochas. Cheiro de algas, de sal, de marisco, de peixe. Cheiros misturados de experiências diversas.

Nos momentos atribulados, sentir-te a caminho de casa, ou saber que estás na vizinhança a caminho de me socorrer. Saber-te apoio e suporte. Sentir-te inacreditavelmente perto, quase dentro um do outro. Um só.

E ao olhar através dos anos, saber que nada mudou. E se mudou, melhorou.

E se rasgássemos tudo, saber que tinha sido o crime do século, algo que não deveria ter ocorrido, pois quando as nuvens desaparecessem o céu continuaria escuro.

Encontrarmo-nos a nós próprios, e um ao outro, no arco-íris da vida. Diversas cores, diversos estados, uma só união. Um pote de ouro. Uma vaga de mau tempo, um madrugar solarengo.

Queria poder dizer-te como rolam as teclas do piano nos meus dedos, mas não consigo, o mais bonito que tenho para ti é esta suave música da perfeita sintonia de notas, sons e instrumentos. Eu não poderia não me ter cruzado contigo, senão todo o divertimento da minha vida não teria sido.

Luis Borges, 11-03-2002.


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