A Ilha

Um passeio por ti permite sonhar com uma porção de terra coberta por alcatifa onde prevalecem várias tonalidades de verde e castanho.

Castanho para a terra, folhas mortas e troncos caídos. Vários tons de verde para a natureza viva, resplandecente e alegre. Verde-claro para as pastagens, mais escuro para os arvoredos, e outros tons, ainda, para as pequenas plantas que cobrem perfeitamente os montes e vales por onde me desloco com os meus pensamentos sem me preocupar com o destino a que eles conduzem e certo que me levarão a uma mais que perfeita união entre a certeza do que quero e a contemplação do que persigo.

O verde esperançado da terra remata num tapete azul, o mar, que, contracenam com o cerúleo do céu. Entre o verde da terra e o azul do mar existe um cerzido a linha branca, que os une perfeitamente, a espuma do mar, que quando encara a terra chocam um no outro e são um só. Este encontro oferece ao mar o prazer do amor, que resulta na espuma de um encontro perfeito que de cada vez que se dá, dá-se uma só vez e sempre pela primeira vez.

A protecção daquele amor é feita por uma esfera azul, o céu, onde se penduram dilúculas nuvens de algodão, e ao que se junta a luminosidade brilhante, quente e alegre da única estrela que se vê durante o dia a que chamamos Sol. O céu, o céu, lá ao fundo acaba unido, sem que veja o cerzido, ao lençol de água, que é perfeitamente majestoso, e que ao invés de lhe chamarmos Rei chamamos oceano.

Toda esta beleza e este grande amor são, diariamente, encobertos pela noite. Manto negro que esconde a natureza deixando visível apenas o que é iluminado pela tímida luz da Lua e pelas pequenas estrelas penduradas no longínquo espaço desconhecido, o Universo.

A caminho das Furnas.  14 de Março de 2011.

Luis Francisco Borges

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