O GUARDADOR DE REBANHOS - XVI
XVI
Quem me dera que a minha vida fosse
um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo,
pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças –
tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem
cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me
as rodas
E eu ficava virado e partido no
fundo de um barranco.
Fernando Pessoa
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